01.11.25
Poema de Marcos Ana (citação parcial do seu livro "Digam-me como é uma árvore", Guerra&Paz, 2009):
Falem-me do mar, falem-me
do aroma aberto do campo,
das estrelas, do ar.Recitem-me um horizonte
sem fechadura e sem chaves,
como a cabana de um pobre.Digam-me como é o beijo
de uma mulher. Dêem-me o nome
do amor, não o recordo.As noites ainda se perfumam
de apaixonados com tremores
de paixão sob a lua?Ou resta apenas esta fossa,
a luz de uma fechadura
e a canção das minhas lajes?Vinte e dois anos... Já esqueço
a dimensão das coisas,
a sua cor, o seu aroma... Escrevoa tactear: «o mar», «o campo»...
Digo «bosques» e perdi
a geometria da árvore.