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Posto de Escuta

Achados numa página ou rua algures.

Achados numa página ou rua algures.

15.03.25

Nan Shepherd, no seu livro "A montanha viva".

"Estar de Pé, Deitar-se, Sentar-se e Caminhar. São «dignidades» no sentido em que são formas de sermos plenamente nós próprios, de nos sentirmos em casa nos nossos corpos, nos seus modos fundamentais. Penso que muitos de nós achariam maravilhoso poder partir de novo a pé, com uma pequena estalagem ou um acampamento limpo disponíveis a cada quinze ou vinte quilómetros e sem receios do trânsito, e atravessar assim um vasto território - como toda a China, ou toda a Europa. É assim que se conhece o mundo: no nosso próprio corpo."

13.03.25

Ainda Peter Wohlleben, no seu "As Lições das Árvores".

"Os investigadores pensam o seguinte: as florestas evaporam quantidades monstruosas de água através das suas folhas. Por metro quadrado de floresta, as várias camadas das copas das árvores perfazem até 27 metros quadrados de superfície de folhas, de cujas inúmeras boquinhas minúsculas as árvores exalam humidade. Num dia quente de verão, uma velha faia exala até 500 litros de água, que arrefecem a floresta e que sobem para a atmosfera sob a forma de vapor. A intensa atividade de evaporação nas grandes zonas florestais produz massas de ar ascendentes, que geram uma zona de baixas pressões local. Uma zona de baixas pressões tem uma pressao atmostérica menor do que a área circundante, por isso o ar nesta zona forma uma corrente. Também poderíamos dizer da seguinte forma: as florestas sugam ar fresco dos oceanos e fazem-no a longas distâncias. Este ar húmido oceânico sobe então por cima das florestas, arrefece e essa água chove"

26.02.25

Em The Extended Phenotype (O Fenótipo Alargado), Richard Dawkins observa que os genes não fornecem apenas instruções para a construção do corpo de um organismo. Também providenciam instruções para construir certos comportamentos. O ninho de uma ave faz parte da expressão externa do genoma da ave. A represa de um castor faz parte da expressão externa do genoma do castor. E o apertão de morte de uma formiga faz parte da expressão externa do genoma do fungo Ophiocordyceps. Através dos comportamentos herdados, diz Dawkins, a expressão externa dos genes de um organismo — o seu fenótipo — estende-se ao mundo.

Merlin Sheldrake, em "A Vida Secreta dos Fungos: Como Constroem o Mundo, Mudam o Nosso Presente e Moldam o Futuro".

20.02.25

"Mas mesmo estas maravilhas naturais não são a essência do lugar. Ao longo da minha vida demasiado loquaz, tenho procurado coleccionar silêncios, cada vez mais difíceis de encontrar. O ruído - industrial, tecnológico, electrónico, amplificado até à loucura (as raves) - é a peste bubónica do populismo capitalista"

George Steiner, no seu livro "Errata: revisões de uma vida"

19.02.25

George Steiner, no seu livro "Errata: revisões de uma vida", a descrever o silêncio que encontrou no campo:

"Os silêncios de N. são indescritivelmente vivos. Habitam a luz cambiante nos seus movimentos, sob o jogo das nuvens, ao longo do vale. Paradoxalmente, existe um silêncio no coração das grandes ventanias, da turbulência e chicotadas das tempestades de vento que protegem este paraíso dos turistas. Nas neblinas frequentes que trazem consigo o cheiro a agulhas de pinheiro e a granito húmido, ouve-se uma espécie de silêncio do silêncio."

19.02.25

"Quando me amas esqueço-me de mim. Mas vou ainda mais longe quando me penteias: esqueço-me do tempo."

Casimiro de Brito, em "Arte da respiração".

12.02.25

"Vinte anos de zen ofereceram-me dois ou três segundos de satori, talvez um ou dois. Outras fusões vivi: nas águas, no amor, em raros sonhos. Valeu a pena. O terror quotidiano não pode nada contra esses momentos de glória."

Casimiro de Brito, em "Arte da respiração".

11.02.25

"Recentemente, um jovem amigo meu foi pioneiro numa rota para fora do Garbh Choire da Braeriach, sobre rochas até então não escaladas. Para ele, um dos mais exímios jovens montanhistas que conheço (ele foi descrito, e reconhecido num terminal ferroviário, como "um pequeno sujeito escuro carregando com ele todo o seu ser, com um olhar distante nos olhos"), o mero estabelecimento de um recorde é de muito pouca importância. O que ele verdadeiramente valoriza é uma tarefa que, exigindo dele tudo o que ele tem e é, o absorve e, dessa forma, o liberta por completo."

Nan Shepherd, no seu livro "A montanha viva".

10.02.25

Raúl Brandão, ainda sobre a Madeira, em "As ilhas desconhecidas":

"Há dias tão lindos que a gente tem medo de lhes tocar – imóveis, e dum azul magnético. A vida não tem peso, tudo parece um sonho. As noites são de magia. Rosas por toda a parte. O sopro tépido vem dos montes. E isto bebe-se devagarinho, aos golos – entra nos poros e nas almas e enlanguesce-as. Quem pode acreditar na morte, no frio horrível e eterno, diante da natureza, que nos estende os braços cheia de flores e de perfumes em pleno Inverno?..."

10.02.25

Raúl Brandão descreve uma viagem pelo interior da Madeira, no seu excelente "As ilhas desconhecidas":

"Logo que lá chego, paro diante duma casinha perdida dentro da floresta. É térrea, com pequenas janelas de guilhotina viradas para o mar. Não vale nada: é a casca abandonada dum caracol. Mas não parece feita; parece que cresceu ao mesmo tempo que as flores vermelhas que a rodeiam e que lembram uma paixão ou um crime. Árvores, quatro muros velhos à roda, a latada sobre varas à entrada do quintal, e um encanto que não sei explicar e que nasce das coisas simples, que não procuram impor-se à nossa atenção e só nos oferecem a sua simpatia. Eis o sítio ideal para acabar a vida ignorada com os olhos postos no mar e aquecido de Inverno por este sol esplêndido (...)"

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