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Posto de Escuta

Achados numa página ou rua algures.

Achados numa página ou rua algures.

27.01.25

Ainda Martin Latham, nas "Crónicas de um livreiro":

"O físico Paul Davies explica-o em termos quânticos: por causa dos universos paralelos, tudo aquilo que ımaginamos pode ser verdade, e as ideias frequentemente imaginadas são matematicamente mais suscetiveis de se tornarem realidade. Assim, depois de milénios a imaginarmos uma biblioteca universal, concretizámos a Internet, essa etérea Biblioteca de Alexandria."

27.01.25

Ainda Martin Latham, nas "Crónicas de um livreiro":

Mais do que isso, ele percebeu que não se importavam com a diferença que existe entre as duas coisas; o que era importante a respeito da história no antigo Irão era a sua utilidade enquanto motor de uma inspiração coletiva consciente. G. K. Chesterton defendeu essa estranha ideia da historicidade do mito: «A fabula é mais histórica do que os factos, porque é a história de mil, não a de um só.»

27.01.25

Martin Latham, nas "Crónicas de um livreiro":

Foi apenas no século XVII que a biblioteca iniciou aquilo a que ele [Andrew Pettegreem, historiador] chama a sua longa descida para o silêncio, emergindo como aquele novo fenómeno dos séculos XII e XX, a biblioteca como mausoléu, como silencioso repositório de incontáveis livros por ler. As bibliotecas, acredita ele, com a sua «descida para a obscuridade e irrelevância», nem sempre ajudaram a sua própria causa. Outra coisa contra a qual também se insurge é a relutância com que hoje em dia muitas grandes bibliotecas cedem os seus livros antigos aos leitores: «isso é, claro está, o maior dos absurdos», visto que os livros antigos, a não ser que estejam realmente em péssimas, beneficiam por serem manuseados."

27.01.25

"O trabalho das nuvens nunca é recompensado. Posso estar horas a olhar para elas, mas depois só falo do que me ocorreu, e nunca das nuvens que me empurraram para lá."

Miguel Esteves Cardoso, no Público, 11.11.24.

14.01.25

"Dizem uns que perderam o mundo, outros que nele se perderam, como se alguém alguma vez tivesse agarrado o fio desta meada."

Casimiro de Brito, em "Arte da respiração".

14.01.25

George Steiner, no seu livro "Errata: revisões de uma vida", sobre o alcance da interpretação:

A mais íntima força viva do poema ou prosa elucidados, a sua força contra o tempo permanecerá intrínseca. Nenhuma hermenêutica equivale ao seu objecto. Nenhuma rescrita, via «dissecção» analítica, paráfrase ou emoção descritiva, pode substituir o original (naquilo que é efémero ou funcional, tal substituição é possível).
Como se comprova pela música. Toda a compreensão reside na continuada interpretação. Assim, a interpretação e a crítica são, nas suas mais honestas realizações, narrativas de encontros pessoais, sempre provisórias e mais ou menos sugestivas e enriquecedoras.

13.01.25

Marcos Ana, poeta espanhol que passou 23 anos preso pelo regime franquista, dá conta, no seu livro "Digam-me como é uma árvore", de um dos subterfúgios de que se socorreu para fazer com que os seus poemas "saltassem" os muros da prisão e chegassem ao mundo:

"Tinha de fazer sair os poemas clandestinamente e utilizava diversas formas. Um guarda que vivia na Colonia Yagüe, vizinho de uns parentes meus, foi o meu caminho particular durante os últimos anos. Às vezes havia situações especiais na prisão e fechavam-se todas as saídas. Recorria então excepcionalmente a um procedimento curioso. Informava-me dos companheiros que dentro de uns dias ou semanas iam sair em liberdade, escolhia o mais idóneo e fazia-o aprender um poema de cor, para que uma vez livre o escrevesse e enviasse para uma direcção combinada. Fazia-o repetir várias vezes, um dia a seguir ao outro, até ter a certeza de que estava bem decorado. Mas o meu querido e voluntarioso camarada, com a emoção da liberdade, o encontro com a família e aturdido pela vida, quando queria cumprir o compromisso que assumira comigo esquecia alguns versos e resolvia o caso acrescentando da sua autoria algo parecido com o que esquecera. E quando recuperei a liberdade e viajei pelo mundo, encontrei com grande surpresa poemas meus com um verso que me era desconhecido, como um remendo, que me feria o ouvido e a memória."

12.01.25

À violência da comunicação, às obscenas metamorfoses do ruído e da sedução pouco posso opor — se quero conservar-me ao abrigo dos vendedores de ilusões. Talvez apenas o refúgio no silêncio, na respiração... Mas a morte vem também de dentro.

Casimiro de Brito, em "Arte da respiração".

10.01.25

Ainda Casimiro de Brito, no seu "Arte da respiração":

"Na Basílica de S. Pedro há de tudo: máscaras, espelhos, reflexos, simulacros, vendilhões, labirintos... Deus, não vi. Nem seria possível escondê-lo melhor. E no entanto só o encontrei — o sentido que dou à palavra — quando recolhi os meus olhos cansados na música de mármore da Pietárespiração pura que merecia só para ela um templo vazio com a dimensão do planeta."

10.01.25

George Steiner, no seu "Errata: revisões de uma vida", relembra os métodos de instrução que o seu pai utilizava consigo:

"Não me era permitido ler nenhum livro novo até ter escrito, para sua inspecção, um resumo daquele que acabara de ler. Caso não tivesse percebido um determinado passo — as escolhas e sugestões do meu pai eram sempre criteriosamente direccionadas um pouco acima da minha cabeça — deveria ler-lho em voz alta. Frequentemente, a voz esclarece um texto. Se a incompreensão persistisse, tinha decopiar o excerto relevante na minha caligrafia — actividade que, geralmente, acabava por desvendar o filão."

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