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Posto de Escuta

Achados numa página ou rua algures.

Achados numa página ou rua algures.

24.11.24

"Há um livro que vendemos imenso de Katsushika Hokusai, Le trentasei vedute del monte Fuji [As trinta e seis vistas do monte Fuji] publicado pela primeira vez no início do século XIX, em que é retratado o vulcão sagrado a partir de diferentes perspetivas e nas várias estações. Para conhecer o mundo e fazer experiência dele, não é preciso deambular por toda a parte, podemos ficar quietos no mesmo sítio e a natureza mudará o cenário a cada segundo, mostrando o arquivo infinito das suas belezas. Do Prato Fiorito, entre desenhos da escola primária, fotografias em papel e fotografias digitais, tenho de certeza mais de trinta e seis imagens. Nós amamo-nos, deixamo-nos, choramos, exultamos e ele está sempre ali, como sempre. Muda, mas não se transforma. Eu não posso passar sem ele."

Alba Donati, em "A livraria na colina".

22.11.24

"Pasma-me que uma criatura de outra espécie, absolutamente diferente de mim, me honre com a sua presença e confiança, sentando-se no meu colo e permitindo-me que a afague. Nessas alturas, sinto que esse instante doméstico comum é tão colossal como estabelecer contacto com outra vida inteligente, noutra ponta do universo. Esta criatura, com a sua consciência, outra consciência, e eu com a minha temos a capacidade de ficar sentadas em silêncio, a desfrutar da presença uma da outra. É notável."

Jenny Diski, em "Desconhecida num comboio".

22.11.24

"A ideia da rejeição paralisa-me. Se há sedutores compulsivos neste mundo, também há quem busque compulsivamente ser seduzido. Na escala das coisas pelas quais eu não correria riscos emocionais, a amizade está acima da relação sexual. Para mim, é mais misteriosa, mais perigosa do que uma aventura sexual, que consigo facilmente desprezar enquanto jogo e da qual me consigo afastar com um mero encolher de ombros. Talvez por eu ter nascido nos anos sessenta, ou qualquer coisa do género. O sexo pode ser uma coisa séria, mas não tem de ser. A amizade parece-me uma matéria muito mais densa, mas, ao mesmo tempo, uma coisa à qual nunca apanhei o jeito."

Jenny Diski, em "Desconhecida num comboio".

09.11.24

"Brod conta que a primeira nota referente a Kafka que encontrou nos seus diários foi: "As palavras saem da sua boca como um pau." Ou seja, não o interrompiam quando decidia falar, e falava poucas vezes. Diz Brod: "Ainda hoje sinto, ao ler esta anotação, enorme admiração por Kafka, para quem não havia dias úteis e que se exprimia, sempre e em toda a parte, com o dom que o caracterizou, de agudo poder de observação e de analogia. E tudo isso completamente à vontade, espontaneamente, com uma naturalidade encantadora."

Isabel Lucas, no Ípsilon de 04.10.24, sobre o livro "Sobre Franz Kakfa", de Max Brod.

04.11.24

"Uma mensagem que apele à nossa raiva, à nossa surpresa ou ao nosso riso será destacada pelos algoritmos da rede, porque será partilhada mais rapidamente e atrairá mais a nossa atenção", defendeu o ensaísta. "E assim, pouco a pouco, a mudança na arena pública a que estamos a assistir em todo o mundo é uma mudança da razão para a emoção." É por isso que Bruno Patino inventou a palavra "emocracia", uma democracia baseada na troca de emoções. Devido ao esbatimento das fronteiras entre realidade e ficção, estamos a viver cada vez mais num tempo de simulacros.

No Público de 21.10.24, num artigo de Isabel Coutinho sobre o Festival Folio, em Óbidos.

03.11.24

Excerto de um artigo no Público, assinado por Joana Mesquita, sobre o documentário "O Palácio de Cidadãos", que estreou, no final de outubro, no DocLisboa:

Ao PÚBLICO, Rui Pires sublinha que o mais surpreendente, depois de filmar uma sessão legislativa completa, foi ver a "luta constante das pessoas que perdem o seu tempo para participarem activamente na democracia". A participação do cidadão comum é "uma coisa absolutamente não vista", considera, acrescentando que a sociedade "não tem consciência do trabalho e da dedicação que o cidadão comum leva para a Assembleia".
"As pessoas perdem tempo, dias de trabalho, tempo com a família para tentarem activamente, em prol de ideias, contribuir para a sociedade civil, para o colectivo." E este trabaIho, diz o realizador, "é fundamental ser reconhecido", também pela própria Assembleia da República. Por isso mesmo, o documentário permite contrariar a "ideia errada de que não existe participação das pessoas na vida política", acredita Rui Pires. "As pessoas usam todos os mecanismos legais para conseguirem participar" e "têm uma ideia absolutamente clara sobre os mecanismos que têm ao seu alcance para exercer democracia".

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