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Posto de Escuta

Achados numa página ou rua algures.

Achados numa página ou rua algures.

04.11.24

"Uma mensagem que apele à nossa raiva, à nossa surpresa ou ao nosso riso será destacada pelos algoritmos da rede, porque será partilhada mais rapidamente e atrairá mais a nossa atenção", defendeu o ensaísta. "E assim, pouco a pouco, a mudança na arena pública a que estamos a assistir em todo o mundo é uma mudança da razão para a emoção." É por isso que Bruno Patino inventou a palavra "emocracia", uma democracia baseada na troca de emoções. Devido ao esbatimento das fronteiras entre realidade e ficção, estamos a viver cada vez mais num tempo de simulacros.

No Público de 21.10.24, num artigo de Isabel Coutinho sobre o Festival Folio, em Óbidos.

03.11.24

Excerto de um artigo no Público, assinado por Joana Mesquita, sobre o documentário "O Palácio de Cidadãos", que estreou, no final de outubro, no DocLisboa:

Ao PÚBLICO, Rui Pires sublinha que o mais surpreendente, depois de filmar uma sessão legislativa completa, foi ver a "luta constante das pessoas que perdem o seu tempo para participarem activamente na democracia". A participação do cidadão comum é "uma coisa absolutamente não vista", considera, acrescentando que a sociedade "não tem consciência do trabalho e da dedicação que o cidadão comum leva para a Assembleia".
"As pessoas perdem tempo, dias de trabalho, tempo com a família para tentarem activamente, em prol de ideias, contribuir para a sociedade civil, para o colectivo." E este trabaIho, diz o realizador, "é fundamental ser reconhecido", também pela própria Assembleia da República. Por isso mesmo, o documentário permite contrariar a "ideia errada de que não existe participação das pessoas na vida política", acredita Rui Pires. "As pessoas usam todos os mecanismos legais para conseguirem participar" e "têm uma ideia absolutamente clara sobre os mecanismos que têm ao seu alcance para exercer democracia".

25.10.24

Defendo o RBI [Rendimento Básico Incondicional] para todas as pessoas, visto ser uma dupla libertação. É libertar o direito a um rendimento independentemente do trabalho, é sermos merecedores de um rendimento como um direito de cidadania, para acudirmos a necessidades. Ou seja, defendo a libertação do rendimento da necessidade de trabalhar. Por outro lado, devemos também desvincular a própria ideia de trabalho da ideia de rendimento, porque o trabalho está sequestrado por esta convicção de que tens de trabalhar para conseguires ganhar a vida, o ganha-pão, não está ligado aos valores positivos de realização. O trabalho devia ser fundamentalmente uma ação de realização de mim com os outros, com o mundo e comigo próprio.

O filósofo André Barata em entrevista a Bernardo Mendonça, citado no Expresso de 19.07.2024.

24.09.24

Eu Vi Uma Flor Selvagem é um título bonito para um livro. Pode dizer-se que é dedicado à beleza do mundo natural? Essencialmente, sim. Hubert Reeves gostava de títulos interessantes para os seus livros. Escolheu este a partir do início de um poema japonês haiku, que diz: "Vi uma flor selvagem. Quando aprendi o seu nome, achei-a mais bela."

Patricia Aubertin em entrevista a Teresa Firmino, no Público de 14.06.24, sobre o livro "Eu vi uma flor selvagem", de Hubert Reeves.

02.08.24

Quando a ópera sai à rua, há um efeito de dessacralização. O que é reservado passa a ser público, onde se espera silêncio surge ruído perturbador. Os sagrados da arte profanam-se. Quebram-se as convenções da sala e as distinções de classe (hoje é gratuito para todos), apesar de haver ainda uma hierarquizacão dos "melhores lugares" (para quem os apanhar). Quebra-se sobretudo a escuta concentrada e a atitude "devota" que vemos nos espectáculos de música clássica. O melómano frustra-se, porque na aparelhagem lá de casa tudo soa mais claro; amante de ópera protesta, que não se sente o frisson da sala nem a real qualidade dos cantores; e o crítico desespera, porque não tem a certeza se foi fífia do naipe das cordas ou o chiar do eléctrico. Mas, apesar de tudo, não deixa de ser surpreendente como largas centenas de pessoas ali ficam (e muitas de pé!) um concerto inteiro. À espera que algo aconteça.

Pedro Boléo, no Público de 29.07.24, num excelente texto sobre uma noite de ópera em Lisboa.

27.07.24

Essa é uma analogia muito forte do livro: escrever é como correr.

É igualzinho. Tens de ter a prática. E é bom por si. Ninguém te pergunta: "Para onde é que vais a correr?" ou "estás a correr porquê?" ou "estás a correr tão mal" Dizes a um velho que vai a correr: "Você corre tão mal! Por favor, saia da frente" ou "você corre mal e ainda por cima é feio a mexer-se"? Isso é uma avaliação. O velho diz: "Corro porque gosto. Quando corro, sinto-me um corredor." Quem és tu para dizer que ele não é um corredor?

Entrevista de Bárbara Reis a Miguel Esteves Cardoso, no Ípsilon de 26 julho, 2024.

24.07.24

"Não tinha qualquer interesse por História porque já não esperava voltar a encontrar-se com ela."

in "Um bom homem é difícil de encontrar", de Flannery O'Connor, tradução de Clara Pinto Correia.

22.07.24

"Não estava um dia muito claro; mas vira aparecer o sol dos lados da Terceira, todo sangrento num mar de chumbo, um mar como nunca tinha visto, fresco e sem nada que lhe cortasse a ilimitação parada, a não ser as ilhas negras e acobardadas numa neblina."

in "Mau tempo no canal", de Vitorino Nemésio.

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